quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dia livre!

Novo semestre, novo horário e nova rotina. A quarta-feira é o dia livre, como tal, e para celebrar a primeira semana de aulas do novo semestre ficou combinado um lanche pela tarde. Ia eu rua abaixo, para o local onde combinámos encontrar-nos e ao passar pelo Centro de Emprego, um homem com os seus 40 ou 50 anos - sou péssima a avaliar pessoas pelo seu aspecto, erro sempre por muitos - pediu-me dinheiro para o pão, por duas vezes. Não parei. Olhei duas vezes para trás e não apressei o passo. Fiquei um bocado incomodada com a situação.

Fomos lanchar. Éramos cinco estudantes de uma licenciatura sentadas na esplanada de um bar. Conto a história do homem que pede dinheiro para comprar pão, mais gente conta mais histórias de outras gentes e chegamos ao tema - ciganos! O que se seguiu foi uma vergonha. Disseram as minhas colegas que os ciganos eram uns ladrões, gente perigosa e orgulhosos da sua etnia, que mais não serve do que para intimidar os outros. Mas isto piorou. Disse outra colega minha que com os ciganos só havia uma coisa a fazer, "colocá-los todos dentro de uma tenda e atirar bombas lá para dentro para os exterminar a todos" - palavras dela.

Enquanto decorria esta porcaria de conversa, militantes do Bloco de Esquerda distribuíam pela esplanada panfletos que não chegaram até nós. Ao ver esta cena, cada uma de nós assumiu ser do Bloco de Esquerda.

Quanto a mim, estas conversas deixam-me muita assustada. Perturbada até. Vim para casa descontente com a forma como pensam as minhas amigas. Muito desiludida. Eu não permito a mim mesma pensar desta forma. Não deixo. Fazê-lo, seria "encaixar" as pessoas numa ideia pré-formada que tenho na minha cabeça e que me impediria de acreditar que as pessoas conseguem ser mais do que aquilo que penso delas.

Se ainda entendo que os meus pais, tios, familiares, pensem desta forma é para muito difícil aceitar isto em estudantes do ensino superior. É inconcebível e deixa-me com uma amargura muito grande em relação ao futuro do meu país, do meu mundo.

Julgo muitas vezes que só uma formação superior e de qualidade pode formar melhores cidadãos; mas conversas destas, que não têm sido poucas desde que entrei para a faculdade, deixam-me apreensiva, assustada, muito assustada.

Sinto-me perdida... Mas não desisto!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A brincadeira do povinho...

Um programa como este tem dois objectivos -  o primeiro é entreter e o segundo é conseguir chamadas, muitas chamadas, quantas mais melhor.

Neste estúpido programa os concorrentes têm de rebolar, correr, saltar, cair,... para que as suas contas sejam pagas.
Ao fim ao cabo, isto é do tipo, "nós pagamos a sua conta, mas tem de rebolar um bocadinho para entreter o público lá em casa,..."
Temos então o desgraçadinho do português, o Zé Povinho que, coitadinho, tem de ter uma história engraçadinha para lhe pagarem a sua continha.

Depois têm de abanar muito bem a sua facturinha e dar umas valentes "braçadas" a dançar.

É mesmo vida de desgraçado! É mesmo vida de português remendado.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

As pessoas estão fartas da Razão!

É na televisão, é no cinema, mas é também em romances... Leio os títulos, ou vejo na televisão e no cinema como a ficção nos alimenta e nos ocupa. São séries, filmes e livros sobre vampiros que vivem 200 e 400 anos, que bebem sangue e que agradam ao público... Só encontro uma explicação para isto, as pessoas estão fartas da razão e gostam de fantasiar.
Nas novelas da noite temos personagens tão vingativas e paranóicas que me custa a crer que exista alguém assim. Mas de uma coisa eu tenho a certeza, são as novelas que "mergulham" tantos espectadores numa calma provinciana a que tanto estão habituados.
O mesmo fazem os "Morangos com Açúcar" - estes últimos são para mim, um incrível incentivo à estupidez. A escola não consegue competir com os media, de maneira nenhuma. Dizia Rousseau, que o homem quando nasce é naturalmente bom, quem o corrompe é a sociedade. Julgo eu que ainda hoje a sociedade continua a cumprir fielmente o "seu papel", o de corromper o homem. É tão fácil seduzir e ser-se seduzido.
Digo com os meus 19 anos, que nós jovens, somos cada vez mais desresponsabilizados. Parece que continuamos umas crianças. A família, a sociedade, a escola, a faculdade, exigem tão pouco de nós. Acredito que todos consigamos dar muito mais do aquilo que aparentamente demonstramos, acredito que tenhamos capacidades e talentos que nós próprios ainda não descobrimos. Ou porque não nos dão uma oportunidade para isso, ou porque nós não damos a nós próprios essa oportunidade.
É tudo isto é a crise do modernismo.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Força artistas!

 A última música dos "Deolinda" é qualquer coisa de extraordinário. Parece-me que com a actual a crise, os artistas deste país estão com uma excelente oportunidade para verem qual consegue ser mais intervencionista.
Põem com isto o povo a cantar, mas espero que consigam fazer mais do que isto.
Artistas deste país, força aí! Há que aproveitar o tempo de crise para pôr o talento a render...

Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.


Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.


Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.


Deolinda