Em dia de feriado, os shoppings enchem e as lojas estão cheias.
Em lojas de vestuário e calçado, é difícil movimentarmo-nos sem darmos um encontrão a alguém.
Olho para roupa, roupa, roupa e botas, botas, botas... mas não vejo nada.
O cenário cansa e dá-me tédio. É para mim um tédio sair de uma loja para entrar outra, e sentir um cheiro a material sintéctico que é desagradável.
O ano passado, um professor disse em aula que após a revolução de industrial, a indústria têxtil expandiu-se rapidamente. Produziu tanto em tão pouco tempo, que não havia compradores para tantos "trapos". O vestuário produzido não escoava, e os armazéns estavam cheios, cheios, cheios.
Poderia ser aqui que o sector têxtil entrasse em crise, e pusesse trabalhadores no desemprego, mas não foi isso o que aconteceu.
Sabem então o que aconteceu?
Simples, inventou-se a MODA. Voilá!
Hoje somos todos uns escravos da moda, uns mais do que outros, mas todos seguimos as tendências.
Também, seria muito difícil não seguir as tendências, porque quando compramos uns sapatos ou uma peça de vestuário, sujeitamo-nos ao que existe nas lojas.
Mas desenganem-se os que pensam que a MODA afecta apenas os adolescentes e os adultos. Basta estarmos atentos à secção das crianças, para entedermos que hoje, mais do que nunca, é difícil ser criança. A MODA e a oferta que existe em todas as lojas, "obriga" também as crianças a lidarem desde cedo com a forma como se vestem. Depois nas escolas, temos o grupinho das crianças que se vestem bem, e o grupinho das crianças que usam roupa "diferente". Isto acontece! Mais, basta termos alguma atenção, e reparamos que um "trapinho", por menos jeito que tenha, são logo uns 25 euros... Sim, a moda escraviza-nos a todos e põe-nos doentes. Dos mais novos aos mais velhos. Vejo todos os dias, pessoas na faixa etária dos 40, 50, 60, que se vêem obrigadas a ceder. Vestem-se de acordo com a tendência, mas acabam por não ficar com o aspecto que desejam, porque o corpo muda e os anos não perdoam. Depois sentem-se mal e ficam deprimidas.
A par disto, há outra coisa que posso dizer. No centro onde dou catequese, há umas freiras que desde cedo me chamaram a atenção. As freiras desta congregação usam um véu enorme. A diferença destas para as outras, é que nelas não conseguia ver UM cabelo. Intrigada, comentei isto com uma amiga minha... e sabem que mais? Eu não lhes via um fio de cabelo, porque elas NÃO têm cabelo. A verdade, é que estas irmãs assim como fazem votos de pobreza, e castidade têm também de rapar o cabelo. Esta minha amiga perguntou-lhes porquê; elas responderam que rapavam o cabelo porque ele é uma forma de vaidade, de tempo dispendido com ele e que precisa de cuidado. Além disso, é dispensável, ao contrário dos dentes, por exemplo.
"O apego é a maior escravidão.
Aquele que se apega, renunciou ao direito de liberdade."
Valter da Rosa Borges