Este sábado, por motivos alheios, dei uma catequese completamente improvisada a uma turma que nem tão pouca é a minha.
Dei portanto, catequese à turma do primeiro ano. Eram 9 míudos, um com sete anos e os restantes com seis anos.
À espera de uma resposta diferente, perguntei a estes míudos o que era ser feliz. A resposta foi unânime e ninguém discordou, disserem eles, "ser feliz é estar sempre contente". Considerei uma boa resposta para míudos de seis anos e depois perguntei-lhes se eram felizes. A resposta foi em coro "Nããããããão!"
Entendo ao ouvir os meus putos, não estes, que andar hoje na escola primária é diferente. Muitos míudos sentem-se desde cedo frustados, não têm telemóveis como os outros, não têm consolas, vestem-se "menos bem" que os outros ou, simplesmente, levam para a escola um lanche menos guloso que o dos outros.
Competição, competição, competição,... Em tudo está a competição e por todo o lado estão as vítimas.
Disse o ano passado uma míuda a quem dou catequese para a outra "Eiii que saia tão feia!..." Fica a outra intimidada, sem a capacidade para lhe responder e encosta-se à parede à espera que a catequista a chame para ir para a sala.
A frustração não se apodera do Homem apenas na adolescência ou na idade adulta, sente-se cada vez mais cedo.
Há dois anos trabalhei num infantário com crianças dos 3 aos 5 anos. Quando chegavam as meninas de manhã as educadoras não hesitavam em dizer "Que vestido tão bonito!", "Uma camisola nova!", ou "Umas unhas tão bonitas e cheias de brilhantes!!" Todas as manhãs acontecia isto e depois lá passavam as meninas pelas mesas a mostrar a todos as unhas brilhantes ou a camisola nova. Mas até aqui, em nada discordo... As meninas são todas muito vaidosas. Eu sou vaidosa!
Mas este "desfile" e elogios logo pela manhã não me deixavam confortável por um motivo. Todas as meninas são vaidosas, é verdade, mas nem todas têm a possibilidade de se vestirem como querem. Esta "avalanche" de elegios tinha efeitos muitos perigosos.
Acontecia que tínhamos no infantário a mesa das meninas que se vestem bem e que recebem os elogios de manhã, e a mesa das meninas que chegavam tantas vezes ao infantário de fato-de-treino e sapatilhas, mesmo não havendo educação física.
Mesmo no recreio, as meninas que tinham roupas lindas e bonitas não deixavam as outras entrar nos jogos delas e brincar com os brinquedos que traziam.
Orgulho-me de poder dizer que fui uma criança muito feliz. Em nehuma manhã me preocupei com a roupa que vestia escolhida pela minha mãe. A realidade de hoje já não é esta! Não admira assim, que crianças com seis anos digam que não são felizes.
Orgulho-me de poder dizer que fui uma criança muito feliz. Em nehuma manhã me preocupei com a roupa que vestia escolhida pela minha mãe. A realidade de hoje já não é esta! Não admira assim, que crianças com seis anos digam que não são felizes.